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MECANISMO DE CARCINOGÉNESE

 

Estudos epidemiológicos indicam uma relação causal entre a exposição ao formaldeído e o desenvolvimento de cancro em humanos, nomeadamente cancro da nasofaringe, cancro sinonasal e potencialmente leucemia. A evidência é, no entanto, mais forte no caso do cancro nasofaríngeo (NTP 2011). Também outros tipos de cancro se encontram associados a este agente (cancros da faringe, laringe, cavidade bucal,etc), mas nesses casos a relação não aparenta ser tão forte e evidente (NTP 2010).

Assim, ainda que não estejam completamente esclarecidos os mecanismos através dos quais o formaldeído é responsável por carcinogénese, prevê-se que estejam associados a determinados eventos como mutações genéticas, reatividade do ADN, quebras cromossómicas, aneuploidia, depleção dos níveis de glutationa, stress oxidativo e proliferação celular induzida por citotoxicidade (NTP 2010; Guyton et al. 2009; Lu et al. 2008).

 

LEUCEMIA

 

A incidência de leucemia é bastante superior à incidência de cancro da nasofaringe. Desta forma, a avaliação de uma potencial relação entre a exposição a formaldeído e a ocorrência desta patologia é um assunto de grande interesse em termos de saúde pública e para o qual se tem voltado bastante atenção. Contudo, a avaliação deste risco revela-se bastante desafiante, devido a incoerências entre estudos humanos e animais e também devido à inexistência de um mecanismo conhecido de indução de leucemia (Zhang et al. 2010).

 

Sendo o formaldeído extremamente reativo e rapidamente metabolizado, é pouco provável que, tal como os agentes clássicos indutores de leucemia, este danifique diretamente as células da medula óssea, após inalação. Para além disso, a sua concentração sanguínea em humanos, macacos e ratos é de 2-3µg/g, mantendo-se mesmo após a exposição a fontes exógenas. Tudo isto torna questionável a questão da indução de leucemias pelo formaldeído, mas já existem alguns mecanismos propostos, nomeadamente para a distribuição do formaldeído pelo organismo e mecanismos de indução do processo leucémico sem que seja necessário o formaldeído atingir a medula óssea (NTP 2011).

Como referido na página "Toxicinética e Metabolismo", o formaldeído hidrata-se facilmente, convertendo-se a metanodiol. Uma vez que os tecidos do trato respiratório superior são revestidos por uma camada mucosa aquosa, o formaldeído pode ser transportado através dela sob essa forma (Georgieva et al. 2003). Para além disso, o formaldeído forma produtos reversíveis com a glutationa, aminoácidos e ácido fólico (Heck 1989), podendo ser dessa forma transportado para diferentes localizações no organismo. No entanto, não há ainda evidências experimentais que suportem estes mecanismos (NTP 2011).

 

Os mecanismos indiretos para a indução de leucemia atualmente propostos incluem a possibilidade de o formaldeído danificar as células sanguíneas circulantes, que por sua vez se deslocam para a medula e se tornam células iniciadoras da patologia ou a possibilidade de este danificar as células estaminais presentes a nível da mucosa nasal (Zhang et al. 2009).

CARCINOGÉNESE

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